Posted por em 26 jun 2011

Decora-04-2Ultimamente tenho me lembrado de uma das histórias na vida do Chico Xavier.

Um amigo conversando com ele dizia que não entendia bem algumas coisas que ocorriam com ele. Sempre se dedicava ao trabalho no Centro que frequentava; empenhava-se nas obras de caridade, trabalho espiritual; procurava fazer sempre o bem e, mesmo assim, sua saúde estava sempre frágil, não conseguia ter uma vida financeira equilibrada, sua família por vezes se encontrava em dificuldades.

Por outro lado, observava seu vizinho que estava sempre a aproveitar a vida, tinha uma ótima casa, carro do ano e coisas assim. Não tinha projetos de ajuda aos necessitados, muito pelo contrário. Ele queria entender a razão de tudo isso.

O Chico muito calmamente comentou que eles deveriam ser gratos a Deus por tudo isso, pois eles – o Chico e o amigo – já estavam colhendo os frutos da semeadura, mas o vizinho ainda só estava plantando.

Muitas vezes nós encaramos nossas dificuldades – físicas, emocionais, financeiras – como fatores negativos em nossas vidas. Acreditamos até, por vezes, que estamos sendo penalizados por nossa maneira de pensar e de agir.

Procuremos não desqualificar nossas dores e obstáculos que a vida nos apresenta. São oportunidades preciosas de aprendizado. Deveremos nos recolher e meditar sobre o que precisamos perceber, nesses momentos, que possa nos proporcionar valiosos ensinamentos sobre como estamos conduzindo nossas vidas. O recolhimento muitas vezes é necessário para que tenhamos condições de nos observar melhor, com a nossa sabedoria interior.

Oramos a Deus, nosso Pai, pedindo que nos retire as dores, as doenças, as dificuldades, enfim, e não refletimos sobre o que elas representam em nossas vidas.

Todos os segmentos cristãos, ou até mesmo outras religiões não cristãs, mas que acreditam em um Deus de puro amor, são unânimes em pregar que o Pai sabe o que é melhor para nós, sempre. Ele só quer o nosso bem e espera de nós a busca pela perfeição, pelo entendimento de Sua mensagem, Seus ensinamentos.

No entanto, apesar de dizermos isso todo tempo, na verdade queremos encontrar soluções que atendam aos nossos anseios; pedimos que nos sejam oferecidas condições de conforto e bem estar, seja material, emocional ou físico. Raramente refletimos sobre o que exatamente aquilo que pedimos possa nos proporcionar de oportunidades de evolução espiritual.

Somos imediatistas, queremos usufruir agora.

Nós nos esquecemos de que somos espíritos eternos e, por isso, viveremos por toda a eternidade. O agora é nada em relação ao tempo que temos à frente. Cada instante desse agora deve ser oportunidade de busca pelo aprendizado. É a semeadura para um porvir de elevação moral e espiritual. Devemos nos preparar para a colheita segura, produtiva, profícua.

O orar a Deus deveria ser uma busca pelo nosso equilíbrio interior, pela mansidão, pela capacidade de prosseguir a jornada de forma segura; conectar-se com a energia do amor e sentir-se envolvido pela luz que emana do Pai; disponibilizar-se de forma plena para receber o que for melhor para nossas vidas, o que só Ele sabe e pode nos proporcionar.

Queremos o ter agora, mas não refletimos sobre o ser todo o tempo e para sempre.

Nossas vidas deveriam ser um equilíbrio entre o ter e o ser, priorizando-se o ser e buscando o ter que nos proporcione o caminhar seguro e tranquilo.

Amar a Deus, antes de tudo, é ter a consciência plena do Seu poder, do Seu amor e da Sua misericórdia. Amar a Deus é querer alcançar a beleza espiritual que Ele espera de nós. Amar a Deus é sentir-se em conexão plena com Sua energia e Sua luz. Amar a Deus é perceber-se envolvido pelo Seu imenso poder e intenso amor.

Amar a Deus é verdadeiramente acreditar que podemos alcançar a beatitude que o Amado Mestre Jesus, o Cristo, tentou nos mostrar com o seu exemplo e disse sermos capazes de alcançar.

texto do livro “Reflexões Evangélicas”, de Elda Evelina Vieira, pela Bookess Editora

http://www.bookess.com/read/7140-reflexoes-evangelicas/

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